Instituto Pensar - ?Se a mídia critica, é porque o discurso foi bom?, diz Bolsonaro

?Se a mídia critica, é porque o discurso foi bom?, diz Bolsonaro

por: Nathalia Bignon


(Foto: Marcos Corrêa/PR)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) manteve o tom hostil adotado no discurso feito na manhã da terça-feira (22), durante a abertura da 75ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, e retomou as críticas à imprensa em encontro com apoiadores no fim do dia.

"Se a mídia está criticando é porque o discurso foi bom?, disse aos simpatizantes antes de entrar no Palácio da Alvorada, sua residência oficial.

No pronunciamento, sem citar os quase 140 mil mortos pela pandemia da Covid-19 no Brasil, o presidente afirmou que parcela da imprensa brasileira politizou o vírus e disseminou o pânico. "Sob o lema ?fique em casa? e ?a economia a gente vê depois?, quase trouxeram o caos social ao país?, afirmou, em vídeo divulgado no evento.

Bolsonaro ouviu de um apoiador que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "depois do seu discurso, matou a pau? no pronunciamento também feito na Assembleia-Geral das Nações Unidas. "Confirmou?, emendou Bolsonaro.

Apesar de afirmar várias vezes que não apoiará candidatos a prefeito nas eleições municipais deste ano, Bolsonaro elogiou, a uma apoiadora que citou o pleito em Manaus, o candidato Coronel Menezes (Patriota). "Tem candidato a prefeito bom em Manaus, ou não? Tem um careca lá que eu acho que é bom, não é não? Tem o Alfredo Menezes, coronel do exército.?

Menezes é coronel de reserva do Exército e assumiu, durante o governo Bolsonaro, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Deixou o cargo em junho para se candidatar. Ele é um dos 11 postulantes à prefeitura de Manaus que ainda deverão passar pelo crivo da Justiça Eleitoral antes de serem oficializados como candidatos.

Repercussão internacional

Além da imprensa nacional, o discurso do mandatário na ONU teve rápida repercussão mundo afora. Agências de notícias e jornais de diferentes países destacaram as falas do presidente brasileiro sobre a pandemia e as queimadas no Brasil.

A agência de notícias francesa AFP deu destaque à fala do presidente sobre uma "campanha de desinformação? sobre as queimadas na Amazônia e no Pantanal. Os franceses citaram a fala do presidente sobre a causa do incêndio.

"Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da Floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas?.

Já a agência norte-americana Associated Press deu destaque às críticas do presidente ao que chamou de "politização do coronavírus?. "Como ocorre no resto do mundo, parte da imprensa brasileira politizou o vírus, semeando o pânico entra a população. Com o lema ?fique em casa?, ?a economia vemos depois? quase provocaram um caos social no país?.

O diário britânico The Guardian relatou as falas de Bolsonaro em sua cobertura em tempo real da Assembleia. Escreveu que o presidente brasileiro elogiou o agronegócio brasileiro e os caminhoneiros ? dois importantes grupos de apoio. "O homem no campo não parou nunca?, disse ele, culpando a desinformação pelas más notícias sobre os incêndios na Amazônia e no Pantanal.

The Guardian expôs dados para rebater as informações do presidente. "Na verdade, o Pantanal, a maior área úmida do mundo, está enfrentando a maior devastação de sua história. A área queimada este ano é equivalente ao tamanho do Estado de Israel ? 3 milhões de hectares ou 20% de todo o bioma?.

O jornal argentino Clarín também destacou que o presidente defendeu suas políticas para o meio ambiente e afirmou que o governo tem sido vítima de uma "campanha brutal de desinformação?.

Os argentinos destacaram que o Brasil desponta como o maior produtor mundial de alimentos e que por isso haveria interesse em prejudicar a imagem da nação. O diário traz dados oficiais mostrando a devastação na Amazônia e no Pantanal.

O jornal português O Público destacou que Bolsonaro culpou os índios pelos incêndios na Amazônia.

Com informações do Estadão



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